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Qualquer boa feira de artigos em 2ª mão tem de ter livros. E a LxMarket deste último domingo tinha mesmo o que eu queria. Quando o vendedor comentou “Estava a ver que ninguém o levava!” a única resposta possível era sorrir e dizer “Estava à minha espera!”

 Agatha Christie, para além de ser a autorA com mais livros vendidos do mundo (algo que descobri hoje), era também uma senhora cheia de piada que casou com um arqueólogo (que felizmente descobri a tempo de fazer a versão inglesa do meu texto do Famelab e permitiu que cumprisse a promessa de levar o chapéu à Indiana Jones).

Desde que casou em 1930 com esse arqueólogo, que conheceu por intermédio de outro arqueólogo, viajou incansavelmente pelo médio oriente, reunindo inspiração para várias das suas obras ao mesmo tempo que explorava ruínas e ajudava a limpar peças. E ria-se imenso.

O título original, desta espécie de diário desses tempos, é “Come, tell me how you live”, e começa logo assim:

“É também essa a pergunta que a arqueologia faz ao passado: contem-me cá como viviam!
E com as picaretas, as pás e os cestos encontramos a resposta.
(…)
Ocasionalmente surge um palácio real, por vezes um templo, muito mais raramente um túmulo real. Isso são coisas espectaculare. Aparecem nos jornais em grandes parangonas, são assunto para conferências, são mostradas em ecrãs, toda a gente ouve falar delas! No entanto eu acho que, para uma pessoa que se dedica a escavações, o verdadeiro interesse está na vida quotidiana – a vida do oleiro, do lavrador, daquele que faz as ferramentas, ou do que é especializado em talhar sinetes e amuletos reproduzindo animais – isto é, o açougueiro, o padeiro, o fabricante de velas.”

Ora nem mais. É nas pessoas e na vida do dia-a-dia que surgem os tesouros mais interessantes.